O
exercício dessa semana levará em consideração a atualidade e a sociedade.
Assim, promove a conscientização e o aprendizado sobre mais um importante conteúdo
da Morfologia ao mesmo tempo. Está em todos os meios de comunicação a notícia
sobre o grave incêndio em Porto Alegre. E com base nos últimos acontecimentos
escolheremos o suporte textual - jornal eletrônico e o gênero textual notícia
para aplicar nossos novos conhecimentos a respeito dos Processos Morfológicos.
Observação:
É importante explicar a diferença de suporte e gênero textual. Usando o jornal
e a notícia como exemplos, facilita a compreensão dos alunos.
Adotamos
a posição de Carolyn Miller (1984) podemos dizer que os gêneros são uma “forma
de ação social”. Eles são um “artefato cultural”
importante como parte integrante da estrutura comunicativa de nossa sociedade.
Segundo Vânia Maria, o gênero Notícia pauta-se
por relatar fatos condicionados ao interesse do público em geral, a linguagem
necessariamente deverá ser clara, objetiva e precisa, isentando-se de quaisquer
possibilidades que porventura tenderem a ocasionar múltiplas interpretações por
parte do receptor. Um texto bastante recorrente nos meios de
comunicação de uma forma geral seja impressa em jornais ou revistas, divulgada
pela Internet ou retratada pela televisão.
O
jornal eletrônico Noticias.r7.com, publicado em 27 de janeiro de 2013.
Incêndio deixou centenas de mortos em
Santa Maria (RS)
Fogo começou durante um show na boate Kiss e ao menos 231
pessoas morreram
Uma festa na
casa noturna Kiss, em Santa Maria (RS), terminou em tragédia na madrugada deste
domingo (27). A boate estava lotada quando um incêndio começou no local. Ao
menos 231 pessoas morreram. A maioria delas eram estudantes universitários.
Segundo relato de sobreviventes, o fogo começou por volta das 2h30, quando um
integrante da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no palco, acendeu
um material pirotécnico. As faíscas atingiram a espuma utilizada como isolante
acústico no teto do estabelecimento.
Testemunhas
afirmaram também que alguns seguranças da casa barraram a saída das pessoas
quando o fogo começou a se espalhar. Eles alegavam que era preciso pagar a
comanda antes de sair.
Para a polícia,
a falta de saídas de emergência e de extintores de incêndio pode ter
contribuído para aumentar o número de vítimas.
Esta é
considerada a segunda maior tragédia do País depois do incêndio do Grande Circo
Americano, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 17 de
dezembro de 1961, o circo pegou fogo durante uma apresentação e deixou 503
mortos.
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Já avançamos os estudos em relação aos
Processos Morfológicos os e gêneros textuais. Agora, vamos à atividade que
trará a parte conscientizadora do nosso trabalho. É fundamental que além de
formamos excelentes leitores, escritores e alunos com capacidade de interpretar
o que se passa em um texto. Formarmos cidadãos que consigam expressar
sentimentos ao próximo e ser solidário a dor que os familiares dessa tragédia
passam nesse momento. Para isso incentive os seus alunos a criar um poema com
muita solidariedade e respeito a essas pessoas.
Até aqui já trabalhamos Processos
Morfológicos, Suporte Textual – jornal e Gêneros Textuais – notícia e agora o
poema, produzido pelos próprios alunos!
O poema é um objeto
empírico e a poesia é uma substância imaterial, o primeiro tem uma existência
concreta e a segunda não. Ou seja: o poema, depois de criado, existe per si, em
si mesmo, ao alcance de qualquer leitor, mas a poesia só existe em outro ser: primariamente,
naqueles onde ela se encrava e se manifesta de modo originário, oferecendo-se à
percepção objetiva de qualquer indivíduo; secundariamente, no espírito do
indivíduo que a capta desses seres e tenta (ou não) objetivá-la num poema;
terciariamente, no próprio poema resultante desse trabalho objetivador do
indivíduo-poeta. (LYRA, 1986)
O poema destaca-se
imediatamente pelo modo como se dispõe na página. Cada verso tem um ritmo
específico e ocupa uma linha. O conjunto de versos forma uma estrofe e a rima
pode surgir no interior dessa estrofe.
A hora da produção textual: É hora de colocar a mão na massa e usar e abusar dos sentimentos postos no papel!
Exemplos de poema em homenagem as vítimas da tragédia de Santa Maria - RS:
Morri em Santa Maria hoje.
Quem não morreu?
Morri na Rua dos Andradas,
1925.
Numa ladeira encrespada de fumaça.
A fumaça nunca foi tão negra
no Rio Grande do Sul.
Nunca uma nuvem foi tão
nefasta.
Nem as tempestades mais
mórbidas e elétricas desejam sua companhia.
Seguirá sozinha, avulsa,
página arrancada de um mapa.
A fumaça corrompeu o céu para
sempre.
O azul é cinza, anoitecemos
em 27 de janeiro de 2013.
As chamas se acalmaram às
5h30, mas a morte nunca mais será controlada.
Morri porque tenho uma filha
adolescente que demora a voltar para casa.
Morri porque já entrei em uma
boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.
Morri porque prefiro ficar
perto do palco para ouvir melhor a banda.
Morri porque já confundi a
porta de banheiro com a de emergência.
Morri porque jamais o fogo
pede desculpas quando passa.
Morri porque já fui de algum
jeito o todo que morreu.
Sufocávamos de excesso de
morte.
Como acordar de novo?
O prédio não aterrissou da
manhã, como um avião desgovernado na pista.
A saída era uma só e o medo
veio de todos os lados.
Os adolescentes não vão
acordar na hora do almoço.
Não vão se lembrar de nada.
Ou entender como se
distanciaram de repente do futuro.
Mais de duzentos e cinquenta
jovens sem o último beijo da mamãe, do papai, dos irmãos.
Os telefones ainda tocam no
peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.
As famílias ainda procuram
suas crianças.
As crianças universitárias que ficaram silenciavelmente eternas.
Ninguém tem coragem de
atender e avisar o que aconteceu.
As palavras perderam o
sentido.
Fabrício
Carpinejar
Com adaptações para a atividade
Agora
que já realizamos a nossa atividade relacionada aos gêneros, partiremos
para uma atividade contextualizada ao aplicarmos os conceitos e classificações
do Processos Morfológicos nesse poema. Analise e mostre o que aprendeu com toda nossa discussão em sala.
Análise:
·
Em vocábulos que
há mais de um prefixo ou sufixo, como em silenciavelmente,
que nos deparamos no poema acima, a sequência é bem rígida. O sufixo –vel é formador de adjetivos, e –mente forma advérbios de modo. É necessário
que a palavra junte-se a –vel para conseguir
o adjetivo para adicionar o sufixo adverbial. Sendo um processo aditivo.
·
Nos casos de subtração em irmão x irmã, que localizamos nesse
gênero textual, o feminino é obtido através da eliminação do /-o/ do masculino.
Mas não podemos generalizar, afirmar que o feminino resulta da queda do /-o/;
pois há substantivos em –ão apresentam vários tipos de femininos, exemplo: leão
x leoa.
·
Os morfemas reduplicativos não estão
presentes na nossa língua materna. O processo da reduplicação é comum na
linguagem infantil e nos hipocorísticos: mamãe e papai como encontrado no poema do Carpinejar.
·
Estabelecem diferenças, nos pronomes, entre
animado e neutro: todo x tudo, que apresenta alternância
nos morfemas /ô/ – /u/, também encontrado
nesse texto em análise.
·
O morfema de posição no seu processo
diferencia o sentido pela posição dos vocábulos no contexto, há combinatórias que não podem ocorrer como “prédio o” que é formado por “O prédio” no poema de Fabrício
Carpinejar.