sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Morfema Ø




Como dito no post sobre Processos Morfológicos, o último, mas não menos importante.

  O morfema zero Ø representa uma ausência significativa de alguma marca. Isso acontece, em geral, com relação ao gênero masculino e ao número singular.

  São comuns, na Língua Portuguesa, os exemplos de morfema Ø na flexão verbal: com freqüência, as desinências modo-temporais e números-pessoais são representadas por esse tipo de morfema. Lembremos, contudo, que não se deve postular um morfema Ø quando estamos diante de um elemento recuperável: em ame, não se deve falar em vogal temática Ø, visto que, no tema amA-, a vogal temática se elide antes da desinência modo-temporal –e: am(a)e.

Segundo Kehdi (1990), só podemos destacar um morfema zero se três condições forem satisfeitas:

·         É preciso que o morfema corresponda a um espaço vazio;
·         Esse espaço vazio deve opor-se a um ou mais segmentos;
·         A noção expressa pelo morfema zero deve ser inerente a classe gramatical do vocábulo examinado.

Carone (1994) nos oferece mais exemplos de ocorrência do morfema Ø em nossa língua. De acordo com a autora, o singular dos nomes não se concretiza em um ponto do vocábulo, mas está presente como categoria de número, o que se comprova com o plural: livro-s / livro-Ø. O ponto que, no plural, é ocupado pelo morfema –s, no singular é um conjunto vazio, que representamos pelo símbolo Ø e denominamos de morfema zero. Ambos, porém, são realidades morfêmicas: aliás, como noção gramatical, cada um deles só existe graças à existência do outro. Sem essa oposição sequer seriam cogitados esses conceitos. Assim, a categoria gramatical de número só existe porque um par opositivo a instaura: singular e plural.





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