Essa semana o Morfologiando abordará os tipos de morfemas, que como já vimos é a unidade mínima significativa ou dotada de significado que integra a palavra. Com base no que diz J. Mattoso Câmara Jr., em seu Dicionário de Lingüística e Gramática (verbete morfema). Segundo o autor, os morfemas, do ponto de vista do significante, podem ser: aditivos, subtrativos, alternativos, reduplicativos, de posição e zero.
Classificação
dos Morfemas
Morfemas
aditivos
Como o próprio nome o indica, os morfemas aditivos são segmentos
que se ligam a um núcleo, ou seja, a um radical. Em nossa língua, são os
morfemas mais produtivos. Os exemplos os afixos (prefixos e sufixos), as
vogais temáticas (nominais e verbais) e as desinências (nominais e verbais).
Exemplo baseado em Kehdi, 1999.
Amávamos
am (RD) + á (VT) + va (DMT) + mos (DNP)
O radical e a VT constituem uma base – o tema – os elementos
seguintes são desinências.
T (rd + VT) +D (DMT +
DNP)
Em T = tema, a ordem não pode ser alterada.
Morfemas
Subtrativos
Quando se dá a supressão de um
fonema do radical para exprimir alguma diferença de sentido, tem-se o morfema
subtrativo. Embora bem mais raros que os morfemas aditivos. (KEHDI, 1999)
Anão / anã
Órfão /
órfã
Após uma primeira análise dos pares acima, podemos concluir que
nesses casos o feminino é obtido através da eliminação do /-o/ do masculino. A
noção de feminino, em vez de aparecer indicada através da adição de um morfema
à forma masculina, processo básico de formação do gênero em Português, decorre
da própria subtração dessa forma.
Partindo a análise dos masculinos, não
podemos afirmar que o feminino resulta da queda do /-o/; visto que substantivos
em –ão apresentam vários tipos de femininos:
Leão / leoa
Sultão / sultana
Assim, quando temos o feminino em –ã, o
masculino é automaticamente em –ao; se o masculino termina em –ão, há variadas
possibilidades de feminino.
E para uma próxima postagem deixaremos o último, mas não menos importante dos morfemas: o morfema zero!
Morfemas
de alternância
Baseado
no livro Morfemas do Português, de Valter Kehdi, os morfemas alternativos consistem na substituição de fonemas do radical, que
passa a apresentar duas ou mais formas alternantes, dessa alternância resulta o
morfema.
O paciente inglês (doente)
O inglês paciente (calmo)
Há alternância vocálica, que é
a mais comum e pode ocorrer em casos como:
a) /e/
– /ε/ (ê – é); /o/ – /כ/ (ô – ó)
Aparece em alguns nomes e
pronomes: olho/olhos, esse/essa. E também em alguns verbos da segunda
conjugação: bebo/bebes, corro/corres.
b) /e/
– /i/; /o/ – /u/
Ocorre em pronomes:
aquele/aquilo, todo/tudo; e em alguns verbos: fez/fiz, pôs/pus.
c) /i/
– /ε/ (i – é); /u/ – /כ/ (u – ó)
Ocorre em alguns verbos da
terceira conjugação: firo/feres (do verbo “ferir”); acudo/acodes (do verbo
“acudir”).
Há casos de alternância
consonantal, que é menos comum, mas também acontece, principalmente em verbos,
como digo/dizes, faço/fazes, peço/pedes.
Alternância pela diferenças de
posição do acento para marcar o contraste entre nomes e verbos: dúvida/duvida,
fábrica/fabrica, máquina/maquina.
Morfemas
reduplicativos
Consiste em duplicar o radical
em uma sílaba que a ele se antepõe. É uma reprodução imperfeita, com perda ou
troca de alguns fonemas. (CARONE, 2001)
O Morfema
Reduplicativo nada mais é que a repetição de uma parte o de toda a raiz, no
apinajé tak ‘bater’ = tatak ‘batucar com os dedos’. Morfema
alternativo ocorre na mudança da estrutura fônica da raiz, como no inglês read
‘ler’ = read passado simples de ler, onde somente a pronuncia é
alterada para dar outro significado.
Morfema
de posição
O Morfema de posição no seu
processo diferencia o sentido pela posição dos vocábulos no contexto. Algumas línguas usam a ordem da posição de
dois elementos compatíveis no mesmo contexto para distinguir sentidos diferentes,
ou seja, em algumas sequências de elementos, invertermos sua ordem, teremos um
sentido diferente. Portanto, o morfema de posição é aquele em que o significado
muda, dependendo da posição dos elementos do contexto em questão
Exemplos:
O inglês paciente (calmo)
Assim, concluímos que a Língua Portuguesa
possui um número significativo de morfemas e que os vários tipos de morfemas
apresentados neste blog está dividido em três grupos, determinados pelo
acréscimo, pela subtração e pela alternância de segmentos. Em nossa língua,
prevalecem os morfemas aditivos que são bem recorrentes, também, os
alternativos no campo das flexões nominal e verbal. E raros são os casos de
morfemas subtrativos em nossa língua. Já
os morfemas reduplicativos, estão relacionados à linguagem infantil, aos
hipocorísticos e aos compostos. E o morfema de posição está próximo da
morfologia e da sintaxe, o que atrapalha a divisão exata dessas áreas de estudo.
E para uma próxima postagem deixaremos o último, mas não menos importante dos morfemas: o morfema zero!
E o morreram supletivo ? Ex.?
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